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quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Toranja e sua ingestão com medicamentos - Parte 2

O consumo de toranja e a ingestão de medicamentos 


Alguns fármacos em interação com este fruto podem provocar reações nefastas no organismo


ADRAC – AUS – Interações com suco de grapefruit (pomelo).
      Relatório do comitê de reações adversas lembrando que o suco de grapefruit (pomelo) interage com várias medicamentos em função da inibição local de uma das enzimas do sistema citocromo P450 (CYP3A4) e da P-glicoproteina em enterócitos, na parede intestinal. Ela não afeta o sistema citocromo P450 hepático. Interação tem sido demonstrada (aumento de disponibilidade da droga) com bloqueadores dos canais de cálcio (felodipina, amlodipina e nifedipina), estatinas (simvastatina e atorvastatina), benzodiazepínicos (midazolam e triazolam), ciclosporina, saquinavir, e cisaprida. O comitê adverte que essas interações correm tanto com o suco como com a fruta inteira, podendo variar em função de marcas ou concentrações do suco, e que se deve evitar tomar o suco ou a fruta até pelo menos 2hs da tomada de qualquer medicação. Com exceção das laranjas azedas Sevilla, aparentemente não há interação com outras frutas cítricas.
    Os sistemas de enzimas relacionados acima são os responsáveis por metabolizar / eliminar tudo o que entra no nosso organismo – seja medicação, chá ou mesmo alimentos, especialmente os mais complexos.

Grapefruit (Toranja) interage com 85 remédios


Grapefruit interage com 85 remédios comuns provocando efeitos colaterais graves e coloca seu consumo em xeque

Depois de relatarem sérios efeitos colaterais na mistura do grapefruit com medicamentos, pesquisadores do Lawson Health Research Institute, em Londres, trazem agora um dado alarmante: subiu para 85 o número de remédios afetados de alguma forma por essa fruta. "Só entre 2008 e 2012, passaram de 17 para 43 aqueles com grande potencial de interagir com o grapefruit", diz David Bailey, farmacologista clínico e um dos autores do estudo. "Isso significa seis interações a mais por ano, resultado da inclusão de novas fórmulas químicas na composição dos fármacos", explica. O pior é que muitos deles são de uso frequente e essenciais para o tratamento de diversas doenças. Em comum, eles têm três características: são tomados via oral, têm de baixa a intermediária biodisponibilidade — fração do remédio absorvida pela circulação sanguínea — e são metabolizados por uma enzima chamada CYP3A4. A questão é: o grapefruit possui uma substância, de nome furanocumarina, que é inibidora justamente dessa enzima.

Em outras palavras, cada droga tem um grau de absorção no corpo, uma vez que parte dela é destruída no fígado antes de seguir em frente pela circulação sanguínea. Ao prescrever uma dose, o médico conta com essa porcentagem que não será aproveitada. Se a enzima responsável pela sua quebra está inativa — efeito causado pelo consumo do nosso protagonista, por exemplo —, o medicamento ficará mais tempo no organismo em sua forma original. A consequência é uma quantidade muito maior do que o necessário, podendo gerar uma overdose. Aí moram vários perigos.

Talvez a falta de afinidade de nosso paladar com esse alimento azedo explique também certa confusão quando se trata de saber como ele é chamado por aqui, já que não faz muito sucesso entre os brasileiros. Seria toranja? Não, não é a mesma coisa, vamos logo esclarecendo. "O grapefruit corresponde ao nosso pomelo, cuja espécie botânica é Citrus paradisi", ensina Walter dos Santos Soares Filho, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). "A toranja, por sua vez, é da família Citrus maxima e tem em ‘pummelo’ sua tradução para o inglês", ele complementa. Mas o importante mesmo é saber que, segundo a pesquisa do Lawson Health, são três as frutas capazes de causar estragos quando se está tomando algum remédio: a toranja, o pomelo e a laranja-azeda. "Todas elas contêm a furanocumarina e interagem igualmente com os medicamentos", diz, categórico, David Bailey. Porém, são diferentes no que se refere às características físicas, ao sabor e aos nutrientes "Neles, a furanocumarina está presente em quantidades bem menores e, para que houvesse interferência significativa no metabolismo de drogas, o consumo teria que ser absurdamente grande", tranquiliza Sergio Surugi de Siqueira, farmacêutico bioquímico e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Perdão à Vista? 

Se a presença da substância-problema depõe contra o grapefruit, não custa lembrar que ele é uma excelente fonte de nutrientes importantes. "Os principais benefícios estão associados à vitamina C e aos flavonoides", diz Solange Guidolin Canniatti Brazaca, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, no interior paulista.

Devido ao sabor amargo, ele é mais apreciado em forma de suco, que deve ser ingerido assim que preparado. "Tanto no natural como no industrializado, a vitamina C oxida rapidamente no contato com elementos externos, o que pode alterar o sabor e absorção de nutrientes", explica Carlos Canavez Basualdo, nutricionista clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Por fim, uma notícia que poderá absolver o cítrico polêmico: "Há um trabalho de melhoramento genético em andamento na Universidade da Flórida para diminuir — ou até cessar — a furanocumarina nas novas espécies", conta Francisco de Assis Alves Mourão Filho, professor do Departamentode Produção Vegetal da Esalq. É esperar para cair em tentação sem medo.

* valor referente à quantidade que devemos consumir diariamente


De olho no relógio

   No estudo inglês, um copo de 200ml de suco de grapefruit apresentou diferentes efeitos na mistura com a felodipina - droga usada no controle de hipertensão - quando ingerido em variados intervalos de tempo.
4 horas antes  - detectaram-se 100% de interação

10 horas antes

A chance de interação caiu para 50%

24 horas antes

A mistura gerou 25% do seu efeito máximo